Moro
em um prédio de 10 andares e como qualquer outro dia fui trabalhar. No fim do
meu turno fui comunicado pelo meu chefe que a empresa estava em crise e
cortando gastos, por isso eu estava sendo demitido.
Uma
semana depois, usei todo o dinheiro que havia recebido por ser demitido e
quitei a divida referente ao meu apartamento. Depois disso nada mais deu certo
na minha vida! Não conseguia arrumar emprego, e começaram as muitas e muitas
brigas com minha esposa. Estava faltando tudo dentro de minha casa, desde
fraldas até alimentos para meu filho. Minha mulher foi se desesperando e eu
tomei uma decisão ruim: iria começar a roubar!
Esperei
o cair da noite, peguei uma faca e sai para começar essa nova rotina. Numa rua
deserta avistei uma mulher de meia idade ao longe, andando em minha direção e
vi nela minha primeira vitima. Chegando mais perto respirei fundo, saquei a
faca e fui ao encontro com a mulher:
-
Anda mulher! Me da a bolsa ou eu te furo aqui mesmo. Anda! Anda!
A
mulher me deu a bolsa e ficou paralisada. Antes de sair dali olhei nos olhos
dela e vi o medo, o pavor e o pânico nos olhos dela. Naquele momento comecei a
chorar e devolvi a bolsa a ela e contei minha história. Desculpei-me novamente
e virei as costas. Nesse momento ela me chamou e ainda trêmula me deu uma nota
de 20 reais. Saí dali chorando mais ainda.
Fui
andando extremamente abalado e joguei a faca num bueiro ali perto. No dia
seguinte, acordei decidido a acabar com aquilo tudo, escrevi um bilhete com os
seguintes dizeres:
“Desculpe-me,
mas foi tudo que consegui. Cuide bem do nosso filho." Coloquei o bilhete
em cima da cama junto com o dinheiro que aquela mulher havia me dado e fui até
o telhado do prédio. Então sentei na beirada preparado para pular.
Momentos
depois, ouvi passos atrás de mim, me virei e havia um homem alto, bem arrumado,
cabelos curtos, olhos castanhos e pele branca. Ele sentou-se ao meu lado e
começamos a conversar. Depois de um tempo ele disse:
-
Pense como vai ficar seu filho e sua esposa... Se você pular, quem vai cuidar
deles? O estranho levantou-se e disse ter que ir, mas antes me entregou um
pedaço de papel com um endereço e disse que se eu quisesse conversar mais que
poderia ir até a residência dele.
Depois
de muito pensar no que havia acabado de ouvir, desci do telhado, tomei um banho
e encontrei minha esposa acordada. Não disse nada a ela, mas dei-lhe um beijo,
um abraço e fui em busca de um emprego. Apesar de pessimista, para minha sorte,
encontrei um senhor disposto a me dar uma chance. Ele disse estar abrindo um
negócio e precisava de alguém para ser ajudante. Eu aceitei na hora.
Quinze
dias depois, fui ao velho homem que havia me estendido as mãos pedir um
adiantamento para comprar fraldas e alimentos. Para meu espanto e surpresa ele
me deu um pouco a mais do que havia pedido e disse que descontaria aos poucos
do meu pagamento. Algum tempo depois meu chefe, que vivia elogiando meu
trabalho no estoque da loja, me promoveu e passei para a gerenciar uma filial
num município vizinho. Logo tudo estava indo bem na minha vida.
Em
um feriado, pensando na conversa com Alessandro, peguei o pequeno papel e
contei a minha esposa toda a história sobre o estanho que impedirá meu
suicídio. Disse a ela também que estava indo visitá-lo. Chegando ao endereço
indicado no papel, fui até o portão e comecei a chamar por Alessandro. Para
minha surpresa, quem veio me atender foi meu chefe.
Notei
que ele estava desconfiado! Fui logo cumprimentá-lo e voltei a perguntar por
Alessandro. Pela primeira vez, desde que o conheci, respondeu-me com muita
rispidez:
-
Alessandro? De onde você o conhece meu filho? Quem te deu meu endereço?
Mostrei-lhe
o papel e contei toda a história do meu encontro com Alessandro e como ele me
impediu de pular do 10º andar de um prédio. Meu chefe ao ver o papel e
reconhecer a letra do filho, me disse em lágrimas:
-
Alessandro morreu há 10 atrás, quando pulou exatamente do 10º andar de um
prédio.
Por Estevam Camargo
#BaseadosEmFatosReais
Os direitos sobre esta versão, conto, relato ou história pertencem ao autor e cópias somente podem ser feitas com sua autorização expressa. Publicações em sites, blogs e páginas do Facebook sem autorização serão denunciadas e solicitadas a sua exclusão aos servidores e responsáveis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário